Este trabalho consiste na análise do roubo como comportamento desviante e da influência de sites com explicações e incentivos a esse tipo de comportamento.
Um comportamento desviante é um comportamento que foge à normalidade da sociedade e das regras impostas por esta. É aquele que se afasta do limiar da tolerância de uma sociedade que distingue o “normal” do “anormal”e se rege pela moral, que é o discurso do que deveria ser a sociedade.
Visualizados os sites conclui-se pela banalização do roubo, como se de um comportamento normal se tratasse. Mais ainda, dedicam-se a ensinar e a aperfeiçoar técnicas para o concretizar. Trata-se de aplicar o poder do didatismo e do processamento de informação, despidos de conteúdo moral. Usam o poder da imagem transformada pelos processos mentais num produto cognitivo, sem qualquer triagem ou reflexão, acessível a todos. Tem implícita uma carga de comportamento anti-social, logo um apelo a comportamentos desviantes.
Os meios de comunicação têm um peso inegável de responsabilidade na cultura. Ainda mais quando os constantes avanços tecnológicos moldam toda uma forma de propagação da mensagem. O youtube, um site bem conhecido pela maioria das pessoas, arrasta consigo esse peso moral, o de seleccionar e de distinguir o que está disponível para as suas emissões. É claro que, com o enorme conteúdo com que já conta, essa tarefa torna-se mais cada vez mais difícil e proliferam inúmeros vídeos, que ensinam as pessoas a abrir fechaduras alheias, para as quais não possuem nem a chave, nem a autorização para as aceder. Curiosamente estes vídeos, que constituem na sua grande parte uma ameaça pública, e outros do género, não só incentivam essas actividades pelo o simples motivo de nos dar conhecimento de como o fazer, como também são na sua maioria negligenciados.
De facto, um dos poucos assuntos em constante supervisão no site da empresa do youtube é o sexo explícito e os direitos de autor. A primeira toda a gente é capaz de o entender, mas a segunda não. E quanto ao roubo? Será que não existe importância em prevenir a emissão de meios de comportamento que, no futuro, nos conduzam a praticar episódios de desvio comportamental? E mesmo que o site apele á sua relevância pelo o simples facto de todos sermos possuidores de um certo nível de consciência, esquecem-se que nem todos somos iguais e nem todos partilhamos a mesma qualidade de genes.
Na formação do carácter e, portanto da consciência moral, muito influem os exemplos paterno e materno e também dos professores, podendo surgir problemas de desadaptação e outros, por exemplo, quando os critérios morais diferem na escola e no meio familiar. De problemas dessa ordem deriva a estruturação destas personalidades, “que não compreendem o mal”.
Numa sociedade consumista, rodeada de estímulos onde o desejo de ter se sobrepõe ao desejo de ser, em que o estatuto social se manifesta quase sempre por sinais exteriores de riqueza e onde, a maioria dos cidadãos não possui recursos para aceder a eles, o estimulo ao roubo é quase irresistível.
Cleptomania é um termo técnico para designar roubo patológico.
A característica essencial da cleptomania é o fracasso recorrente em resistir a impulsos de roubar.
È uma doença psiquiátrica que faz a pessoa começar a roubar coisas sem valor, como canetas, sabonetes – sem muita consciência e muitas vezes sem necessidade para o acto – de lojas, das casas dos outros ou de outros tipos de lugares.
É uma perversão do instinto de posse, como o são a avareza, a dissipação e o próprio coleccionismo.
A Cleptomania caracteriza-se pela recorrência de impulsos para roubar objectos que são desnecessários para o uso pessoal ou sem valor monetário. Esses impulsos são mais fortes do que a capacidade de controlo da pessoa. Quando a ideia de roubar não é acompanhada do acto de roubar não se pode fazer o diagnóstico. Devemos estar alerta para ladrões querendo passar-se por cleptomaníacos. Dinheiro, jóias e outros objectos de valor dificilmente são levados por cleptomaníacos, ainda menos se os impulsos são na sua maioria para objectos de valor. Se ocasionalmente a pessoa leva um objecto valioso, sendo na maioria coisas inúteis, pode-se admitir o diagnóstico, caso contrário, não. Acompanhando o forte impulso e a realização do roubo, vem um enorme prazer em ter roubado o objecto cobiçado. Numa acção de roubo, o ladrão não experimenta nenhum prazer, mas tensão apenas e posteriormente satisfação, não faz isso por prazer.
Aparentemente o cleptomaníaco é completamente normal. Não há um traço identificável para além do descontrole em si mesmo, ou seja, não é possível identificar o cleptomaníaco antes dele adquirir objectos. Após o roubo o paciente reconhece o erro do seu gesto, não consegue entender porque fez nem porque não conseguiu evitar, fica envergonhado e esconde isso de todos. Essas características assemelham-se muito ao transtorno obsessivo compulsivo, por isso está a ser estudada como uma possível variante desse transtorno, assim como quanto à bulimia também, por se tratar de um impulso (por definição incontrolável) que leva o paciente a sentir-se culpado e envergonhado depois de ter comido demais.
A cleptomania geralmente começa no fim da adolescência e continua por vários anos, é considerada actualmente uma doença crónica e o seu curso ao longo da vida é desconhecido, ou seja, não se sabe se ocorre remissão espontânea. Geralmente a cleptomania é identificada nas mulheres em torno dos 35 anos e nos homens em torno dos 50.
Encontram-se mais casos de cleptomania em mulheres do que em homens, mas sabe-se também que as mulheres procuram mais os médicos do que os homens. Estima-se que a incidência é de aproximadamente 6 casos em 1000. É provável que esse número esteja subestimado porque apesar de ser um problema médico envolve também uma infracção da lei, reforçando o desejo do paciente em se esconder, fazendo-nos pensar que é um transtorno raro. Quando um objecto desaparece de casa sabe-se que alguém o roubou mas não sabemos se foi um ladrão ou um cleptomaníaco, o roubo em si é idêntico em ambos os casos. Estudos em lojas mostraram que em menos de 5% dos roubos estavam envolvidos cleptomaníacos.
Não há tratamento eficaz até ao momento aceite. Estão a ser feitas tentativas com terapia cognitivo comportamental e medicações, apenas com resultados parciais. Também não se tem certeza se a melhora observada foi devido à atenção dada ou se foi pelo tratamento especificamente.
Sabendo-se hoje da etiologia multidimensional das doenças psiquiátricas (genética, social, psicológica), é licito questionarmo-nos sobre a criação de ambientes sociais patológicos.
O limite entre normal e patológico é ténue e muitas vezes subjectivo.
È costume dizer-se que um pobre é ladrão e um rico é cleptomaníaco. Sendo redutora, esta ideia não deixa de fazer algum sentido. Num contexto de perda de valores e de cultura do eu e da imagem, o roubo é provavelmente um impulso incontrolável e pouco consciente, próximo da definição da patologia.
Se a liberdade é um bem inquestionável, a desregularão de conteúdos de acesso universal (a internet por exemplo) não deixa de perigosamente condicionar o futuro, «adoecendo» as mentalidades e exacerbando marginalidades.
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Para percebemos como pode a internet ajuda a termos comportamentos desviantes, segue-se exemplos de como roubar um carro ou abrir um cofre:
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=99Q3aDy-BUc&NR=1
http://www.youtube.com/watch?v=qkEf1RDHykE